quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Estilistas Interessantes




Dudu Bertholini e Rita Comparato se conheceram na faculdade santa marcelina, em São Paulo, quando eram estudantes de moda. mas o mais importante não é isto: é que ambos são librianos, nascidos no mesmo ano com apenas 15 dias de diferença. tentei encontrar as datas exatas, mas não tive muito sucesso. E pelo visto ambos se interessam por moda desde sempre.
Ela, filha da dona da marca acessórios modernos, famosa na década de 1980, assistia, diariamente, à mãe arrumar-se, cheia de estilo. ele, porque “ver pessoas que se comunicam através da moda sempre me emocionou”. “estilo é moda com alma”, afimou dudu. e todo mundo achou lindo e preciso.
Mesmo assim, seus caminhos pareciam ser distantes – rita se dedicava à modelagem (e chegou a ser chefe da área na marca de Alexandre Herchcovitch), dudu, ao styling – até que ele foi convidado para fazer um editorial com o fotógrafo j.r. duran e decidiu que precisava de collants para vestir as modelos. Sem saber exatamente como fazê-los, convidou a amiga para ajudar. e a criação das duas peças, cobertas de paetês, acabou sendo bem mais divertida do que o editorial em si.
Assim, começou a trajetória da neon, em 2002, contada de maneira frenética e divertida por Dudu e Rita no segundo debate do moda insights. “o bom caminho é o da ideia esperta e que prevê realização”, apontou ele, uma espécie de porta-voz da dupla, frente ao jeitão mais calado dela. e foi assim que, durante o primeiro ano juntos, eles criaram maiôs para a cidade, super exclusivos, feitos com lycras vintage, modelagens inventivas e acessórios aplicados.
Ao fim deste período, o inesperado aconteceu: ninguém menos que Patricia Fields veio ao Brasil e, na capital paulista, comprou todas as peças que eles tinham nas mãos, um bafo que todo criador gostaria de passar. Com um ano de vida, a neon não apenas estava nas mãos da stylist e figurinista mais famosa do mundo, como também era capa da revista soma.
Mas, até aí, este não era o trabalho prioritário na vida de nenhum dos dois. isto só começou a acontecer quando eles deram mais um passo na concretização da marca: a criação da primeira estampa exclusiva – pelas mãos do artista flávio gurjão. “resgatamos uma maneira muito artesanal de se fazer estamparia, sem saber”, contou Dudu, falando do tipo de processo necessário para imprimir sobre a lycra, tecido que não aceita bem, com qualidade, qualquer interferência. Esta primeira estampa foi feita também em algodão, mas o fabricante exigia que eles comprassem pelo menos 100m – o que, na época era muito.
Então, já que havia esse exagero todo, eles decidiram fazer seu primeiro desfile, e até captaram patrocínio para isto. mas gastaram tu-do na estampa. Como não havia mais verba, o desfile acabou sendo na sala da casa de Dudu, com as mães dos dois recebendo convidadas como Erika Palomino e Costanza Pascolato, e com Carol Trentini vestindo o primeiro look – um loosho que hoje custaria BEM caro.
A apresentação caseira rendeu uma página na vogue inglesa, dois showrooms (em Nova York e em Tóquio) e 15 pontos de venda no mundo.Ta pouco ou quer mais ???

Apartir daí, seguiu-se um trabalho marcante e diferente de tudo que a moda brasileira tinha, cruzando praia e cidade, que construiu uma trajetória sólida – um dia Dudu e Rita passearam pela noite, contando causos e mostrando imagens de todas as suas coloridas coleções.
Foi com isto em mente que, em seu segundo desfile, desta vez no falecido amni hot spot, eles começaram a delinear o tão (re)conhecido estilo da mulher neon: boca laqueada de vermelho vivo, unhas pintadas, mãos na cintura – do qual, aliás, Rita é a perfeita personificação. “sempre pensamos o desfile como um espaço cênico, para contar uma história”, disse dudu. daí vem também o igualmente famoso tableau vivant (pintura viva) da marca, aquele final arrasador dos desfiles, com as modelos fazendo poses dramáticas em conjunto.
Embora tenham um poder criativo muito grande e tivessem sempre recebido muita resposta a seu trabalho por parte da imprensa, rita e dudu foram percebendo que isto não bastava para manter a neon em pé. se a primeira coleção tinha vendido como água, com a segunda a coisa não foi tão bem assim. mesmo. “vimos que ter uma marca de verdade, que vende, era um processo muito mais complexo. fazer a ponte com o comercial seria muito mais difícil do que imaginávamos. mas foi neste momento que resolvemos não desistir”, diz dudu.
Rita e Dudu afirmam que criam todas as peças, todas as estampas !

Em janeiro de 2005, a neon foi convidada a desfilar pela primeira vez na são paulo fashion week – com uma apresentação que é, até hoje a preferida de Rita. “conseguimos uma silhueta muito forte ”, explicou. “é uma silhueta dramática feita a partir de formas simples”, complementou ele.
Duas temporadas depois, com seu trabalho de estamparia já muito em destaque, eles decidiram começar um desfile com 15 looks lisos. e, sim, já ouviram algumas vezes críticos dizendo que a neon faz sempre a mesma coisa. “é muito desafiador se renovar preservando a identidade”, analisou dudu. para debochar de si mesmos, chegaram até a usar como trilha de um desfile a música no surprises, do radiohead. e o que aconteceu? foi o desfile que os críticos consideraram o mais diferente.
A Neon segue fime e forte crescendo cada vez mais.

Fique agora com a ultima coleção da Neon São Paulo Fashion Week : Verão 2010-2011

 
 

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